Os 307 anos do lançamento da 1.ª pedra do Palácio Nacional de Mafra
A colocação da primeira pedra do Palácio Nacional de Mafra ocorreu em 17 de novembro de 1717.
Esta cerimónia foi presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida, e contou com a presença do rei D. João V e da corte. O evento marcou o início da construção de um dos mais grandiosos monumentos barrocos de Portugal, que viria a incluir um convento, uma basílica e uma biblioteca de grande importância histórica e cultural.
A cerimónia foi realizada com grande pompa e circunstância. Uma estrutura de madeira foi erguida para replicar a forma prevista para a igreja, ricamente adornada com panos de tafetá e damasco. Durante o evento, foram baixados aos alicerces objetos simbólicos, incluindo uma urna de mármore com doze medalhas comemorativas do ato.
A construção do Palácio Nacional de Mafra foi motivada por uma promessa de D. João V, que desejava construir um grandioso monumento em agradecimento pelo nascimento de um herdeiro.
Iniciada em 1717, a construção do palácio envolveu milhares de trabalhadores ao longo de várias décadas. O projeto foi liderado pelo arquiteto alemão João Frederico Ludovice e resultou num complexo monumental que inclui um palácio, um convento, uma basílica e uma das mais importantes bibliotecas do país.
Novembro de 1717
“Amanheceo o dia 17 de Novembro, determinado para a bênção da pedra, e se vio no terreiro da nova Igreja da parte do Norte, em proporcionada distancia, formada, e curiosamente adornada huma debaixo de huma grande de campanha, para nella se revestir em vestes Pontificaes o Illustrissimo Patriarcha, e se paramentarem os seus Conegos, e Cappellães, quando fosse tempo oportuno.” (Conceição, 1820, p. 101)
“chegou ElRei com a sua Côrte, montados a cavallo, com tanto luzimento na diversidade das galas, e preciosos jaezes dos soberbos brutos, em que vinhão montados, que igualmente recreavão a vista, e admiravão na riqueza” (id.ibid., p. 102).
Um cronista da época relata que “para a cerimónia foi erguida uma estrutura em madeira, replicando a forma prevista para a igreja, forrada e panos de brim e preciosamente adornada. No exterior, o frontispício estava coberto de tafetás encarnados, definindo três portas de grande dimensão sobre as quais se expunha duas pinturas sobrepostas, a mais alta das quais com a imagem de Santo António, a quem a igreja era consagrada. O interior estava ricamente revestido com panos de raz e tafetás encarnados e amarelos, simulando-se portas e janelas com cortinas de damasco carmesim guarnecidas com galões e franjas dourados. Na zona do altar, expunham-se, em duas credencias, os ricos paramentos e alfaias de prata cinzelada para o pontifical presidido por D. Tomás de Almeida, primeiro cardeal patriarca de Lisboa. Sobre o altar, elevava-se a banqueta com o conjunto da cruz e seis castiçais de prata. A tribuna real, armada no cruzeiro, revestia-se de brocado vermelho.”
O cortejo processional deu início às cerimónias. Na frente seguiam “64 frades arrábidos, seguidos pelo clero local e, atrás da cruz patriarcal, pela hierarquia eclesiástica, rematando com os cónegos, de mitras e pluviais de caudas sustidas pelos seus caudatários, antecedendo o Patriarca com vestes pontificais, mitra de pedras preciosas e báculo, atrás do qual iam os protonotários com roquetes e capa magna”. Seguiam-se “o rei com a respetiva corte e as autoridades do lugar” e a terminar o cortejo ia “hum grande numero de gente, pois passavam de três mil pessoas, as que concorrêrão de várias partes a presenciar huma função, que pelas suas antecedências prometia admirações.” (id.ibid., p. 104).
No decorrer da cerimónia baixam-se aos alicerces alguns objetos simbólicos, entre os quais uma urna de mármore com doze medalhas comemorativas do ato (quatro de prata, quatro de ouro e quatro de bronze), em duas das de prata ostenta-se a fachada e a planta do monumento a erguer que, de acordo com as descrições, seria “sumptuoso … mostrando na perspetiva duas altas torres nas ilhargas, no meio o zimbório, as portas do templo para o poente, e o convento da parte esquerda” (CONCEIÇÃO, p. 108);”.
A construção do Palácio Nacional de Mafra começou em 1717 e envolveu milhares de trabalhadores ao longo de várias décadas.
O Palácio Nacional de Mafra é hoje um símbolo da riqueza e do poder da monarquia portuguesa no século XVIII, e continua a ser um importante ponto de referência cultural e turístico em Portugal. O Real Edifício de Mafra foi reconhecido como Património Mundial pela UNESCO em julho de 2019